sexta-feira, 16 de julho de 2010

Texto by Juraci Rocha Silva

Embora jovem, estou cansado da hipocrisia da sociedade,
que tenta nos impor seu padrão de comportamento,
que atropela a sensibilidade alheia,
que desfigura sua personalidade em um jogo mortal.

Estou cansado dos que nos chamam de amigos,
mas que ao primeiro comentário ou ausência do mesmo,
cobram indelicada e injustamente os louvores que deixamos de dar-lhes.

Estou cansado de ver e sentir que a trivialidade triunfa sobre o inusitado,
que o reles é glorificado e o sublime rejeitado.

Cansei de ser o jardineiro das flores carnívoras da sociedade que querem comer o dedo do jardineiro,
não lhe deixando alternativa, senão arrancá-las do jardim,
jogando-as no fogo, não se importando com seus gritos,
pois a dor causada pelo ferimento é maior.

Na minha caminhada acompanham-me amigos que são fiéis,
que comigo vão até o fim,
passando por pântanos e outros lugares igualmente perigosos e infestados de doenças,
e que mesmo assim aceitam seguir juntos na jornada, pois somos amigos.

Estou cansado dos que me chamam de Amigo, mas, que duvidam das minhas palavras,
que me aborrecem com suas atitudes, que silenciam quando espero uma palavra,
impondo a minha alma uma tortura, deixando-me em suspense,
tentando descobrir onde errei, para que possa corrigir o erro.

Estou cansado das pessoas que me vêem como Deus,
e esperam de mim mais do que posso dar-lhes,
que depositam aos meus pés seus problemas como se eu tivesse a capacidade de resolvê-los.

Estou cansado daqueles que não perdoam a minha falta de atenção,
julgando-me onisciente; ora, nada sei, e sei que nada devo saber.

Canso-me de ser poeta, de tentar descrever a vida, pois o poeta é um sonhador,
ninguém me constituiu psicólogo, não me foi outorgada nenhuma procuração ad-judicia,
para que representasse os interesses alheios,
o que faço é escrever versos mal-resolvidos.

Estou cansado das pessoas que esperam palavras carinhosas dos meus lábios,
e não o que elas realmente precisam ouvir, sentir, receber.
Querem violar a minha personalidade, querem impor um estupro ideológico,
querem ouvir o canto da sereia, ainda que o mesmo não implique crescimento.

Estou cansado dos fúteis, que pensam ser Alguém, e nada mais são que Ninguém,
chegando a ser no máximo Qualquer Um.

Estou cansado! Gostaria tanto que respeitassem o meu silêncio, pois através dele,
impeço a minha natureza humana de deixar palavras que certamente magoariam as pessoas.

Estou cansado de quem quer me conquistar por forças estranhas,
que não seja o amor ou a amizade, que querem tirar minha liberdade,
trocando-a por interesses mesquinhos.

Estou cansado! Respeitem meu repouso de criança que sonha,
que imagina que o choro pode durar uma noite, mas a alegria virá pela manhã!

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